sexta-feira, 22 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

MUSEU DE ARTE POPULAR - 16/04/2011







Dia 16 de Abril, Sábado ensolarado e primaveril. O grupinho do costume, mais coisa menos coisa, lá se encontrou quase na totalidade, à volta duma mesa, entre os aromas e sobores do cafézinho e do celebrado pastelinho de Belém. Depois, calmamente, e porque andar a pé faz muito bem, lá fomos até ao Museu de Arte Popular, onde encontrámos os restantes amigos.

Era um dos três dias (15, 16 e 17) consagrados às “Memórias do Mercado da Primavera”, tendo como tema “Os Nossos Bonecos”, tanto aqueles que a tradição popular nos legou como os de concepção contemporânea, expostos à venda em diversas barraquinhas.

Simultâneamente decorria um variado programa de animação, no recinto exterior do Museu. Na altura da nossa visita, actuava o Grupo Tradicional de Cinfães, num cenário onde se dispunham alfaias e utensílios domésticos da sua região local. Com vestes tradicionais, o grupo apresentou o seu repertório de danças e cantares, também tradicionais da região do Douro, assim como uma demonstração da transformação do linho, passando por várias tarefas e usando diversos utensílios, que o vão transformando de haste seca de planta, ao tecido já confeccionado.

Ir ao Museu sem espreitar o seu interior era impensável. Assim, na exposição temporária agora a decorrer, porque não havia visita guiada, cada qual foi lendo e vendo toda a informação que qualquer visita a um destes lugares tem como objectivo conhecer.

O Museu, esteve encerrado alguns anos e teve obras de conservação, estando actualmente em fase de reabertura, ainda parcial, com uma exposição temporária, chamada “Os construtores do MAP – Um Museu em Construção”. Essa exposição apresenta-se cronológicamente, abordando temas como a análise dos processos artísticos que no início do séculoXX, usaram modernas formas de expressividade artística no tratamento de temas de cultura e tradição populares. Sendo o Museu de Arte Popular a intencional expressão dessa aliança, (modernismo/nacionalismo), estando-lhe ligado um grupo de intelectuais e artisas dos quais se fala, por exemplo, através de imagens (fotografias) e de extratos de textos (artigos de imprensa).

Um outro núcleo recorda o Centro Regional da Exposição do Mundo Português, através da representação da vida popular nomeadamente as aldeias portuguesas dos anos 40.

Noutra parte da exposição conta-se gráficamente, como o museu era em 1948. O edifício, os artistas e decoradores envolvidos, as colecções existentes e as exposições temporárias realizadas antes de ter sido encerrado.

Podem ainda ser vistos, expostos em vitrinas, alguns exemplares de objectos típicos de algumas regiões do país.

De referir os belíssimos painés, que decoram as paredes, com autoria de Almada Negreiros.

Da visita recolhi a ideia de que este museu pretende contar a história da nossa identidade popular e toda a evolução ideológica/política que através do tempo a foi norteando. Esperemos pois a abertura plena do Museu de Arte Popular.

Jesus Varela

AINDA SOBRE O MUSEU DA ELECTRICIDADE...

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Os museus são espaços consagrados ao passado, mas projectando-o no futuro, o que implica o presente que vivemos. Nos museus, mergulhamos num tempo. Pode ter sido nosso, habitante das nossas recordações, ou um outro, lá mais longínquo, quando ainda não existíamos.

Vem esta conversa a propósito do Museu da Electricidade, que visitei, num agradável dia, passado em convívio de amigos e que me deixou a meditar, em quanto desconhecemos de como era, e até mesmo do que está por detrás, do bem estar que usufruimos.

Por exemplo, aquele gesto de premir um botão e acender uma lâmpada. Tão cómodo e simples esse milagre! Sendo a iluminação o mais elementar do variado leque que tem como suporte a electricidade. Mas quando premimos esse botão, não imaginamos o quanto trabalho e sacrifício leveram àquele ponto.

No museu, além de se poderem ver as máquinas reais, hoje em desuso, alimentadas a carvão mineral, recriam-se cenários, onde podemos perceber como trabalhavam os operários que as mantinham em produção. Era um trabalho extremamente duro, onde as temperaturas atingiam alturas tais que dir-se-iam chamas a alimentar o Inferno, o que de facto acontecia, pois trabalhar naquele cenário dantesco era infernal. Os trabalhadores, sem qualquer protecção estavam sujeitos a temperaturas e radiações perigosas para a saúde. Dos mais chocantes, era o trabalho de retirar as cinzas resultantes da combustão do carvão, as quais continham graus consideráveis de radioactividade. Esse trabalho não se aguentava muitos dias seguido. Os trabalhadores adoeciam e despediam-se, regressando quando melhoravam, porque necessitavam de trabalhar, (muitos vindos do campo para a capital e estando longe das famílias), e não o conseguiam noutro lugar, por não terem qualquer especialização.

Hoje estas condições poderão ter melhorado substancialmente mas não pensemos que vivemos num feliz mar de rosas. lembremos como exemplo, a existência no nosso país, de centrais de produção electrica a partir do carvão (Sines) e se as condições de trabalho destes operários são melhores, como serão as vidas dos mineiros que nas profundidades extraem o mineral?

É assim a vida. Envolvemo-nos no entusiasmo das coisas tão acessíveis e fáceis que o dia a dia nos oferece, mas esquecemos os sacrifícios e dificuldades que muitos passam para nos permitir tanto bem estar.


Jesus Varela


sexta-feira, 1 de abril de 2011